segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Fragmentando ...




Fala pessoal, belezinha?

É engraçado como podemos passar a vida sonhando e correndo atrás daquilo que queremos e aos poucos vamos alcançando nossas metas. E é bom também quando aquilo que você nem imaginava que aconteceria, bate à sua porta e muda totalmente a sua rotina, todos os seus planos - muda literalmente você.

Mas as mudanças não costumam ser processos simples, ainda que estejamos esperando por elas. Imagine então, quando acontecem mudanças num momento inesperado?

Quando isso acontece, a mente precisa entender e “aceitar” que poucas coisas ou nada será igual como antes e arranjar uma maneira de aprender a viver com a nova vida que apareceu na sua frente.

Mas verdade seja dita: a mudança te permite ver a vida sob um outro ângulo das coisas, porque nada causa tanto mal como um olhar acostumado. E quando isso acontece, desaparecemos em meio ao cenário tão habitual. 

É incrível como tais mudanças podem tocar fundo em um cantinho muito sensível dentro de nós: o cantinho das “preciosidades”. Aquele lugar sagrado em que guardamos pessoas, momentos e tudo o que saiu do status comum para o especial. 

E nessa hora é preciso cuidado para definir quem permanece e quem não continua nesse espaço. E se você analisar com calma, vai perceber que tem gente ocupando um espaço que já não faz por merecer, principalmente quando num momento estressante você precisava mais delas. 

Em meu processo de mudança pelo qual estou passando atualmente, aprendi que não devo sob hipótese alguma, colocar nos ombros de ninguém a responsabilidade de me fazer feliz e por isso, eu tomo sempre alguns cuidados comigo.

Jogar fora algumas lembranças que não quero e não uso mais é um desses cuidados. Quando estou no meu limite, tiro tudo do meu “armário” e vou jogando no chão. Isso porque, chega uma hora em que a porta não fecha mais. Entende? 

Já começo eliminando o que pra mim não tem mais serventia. Elimino mesmo! Porque aprendi que há coisas que se deterioram tanto com o tempo, que doá-las a alguém não pode ser visto como caridade. É preferível dar algo novo e sem passado.

E é surpreendente que nessas horas, recupero grandes presentes que a minha memória muito curta já me havia feito esquecer: como aquela ótima viagem, os amigos reunidos em casa, rir das coisas com gosto e até mesmo de mim, o afago calmante que minha avó fazia em meus cabelos, a alegria de servir a Jeová, escrever, ler, sonhar muito e valorizar muito quem continua ao meu lado, apesar de tudo.

Entende agora porque na hora de mudar; algumas coisas precisam mesmo ficar de fora?

Para caber tudo isso e muito mais do que acabei de dizer. Até porque, não faz sentido uma grande mágoa conviver com o sorriso de minhas filhas, por exemplo. Certamente uma vai suprimir o espaço da outra. E nessas horas é preciso um saco de lixo e dos “grandes”, para jogar fora tudo aquilo que acumulamos, não sei para quê.

Estou neste momento me reorganizando, me reinventando. E quando tudo estiver em seu devido lugar e com espaço suficiente, será mais fácil acomodar a mudança, assim também como todo amor e alegria que sempre tive. Não duvido que de modo suave, tudo encontrará o seu ritmo. Até lá, celebrarei o tempo de cada novo passo.

Um comentário:

Sílc disse...

André, lindo texto seu. Obrigada.
Volto sempre.
Com carinho,
Síl

Para você André:
"Ouço com frequência pessoas dizerem que fulano, sicrano, beltrano, não mudarão, ao fazer referência a dificuldades que experimentam, sejam lá em quais territórios da vida.
Pior até: não mudarão nunca, esse tempo que quer ser algoz das mais sinceras tentativas e das mais ternas esperanças. Dizem, às vezes, com ares de profecia inequívoca.
Com o tom assertivo da sentença. Com a perspectiva que não considera a vontade de cada um, o tempo de cada um, a história de cada um.
A força dos gestos, embora tantas vezes ainda tímidos, ainda ensaios, ainda infrutíferos.
A ação transformadora da impermanência, com os contextos que cria e os desdobramentos que produz.
Dizem, esquecidas das voltas que o mundo dá. Dos caminhos que trilha e descobre, dia após dia, experiência a experiência, todo coração.
Dizem, esquecidas da gentileza.
Eu também já disse, num tempo em que meu julgamento era maior e a auto-observação era só palavra.
Não digo mais, aprendi principalmente na convivência comigo que mudança um monte de vezes é inevitável, que em alguns trechos da jornada faz diferença à beça, mas que também é coisa trabalhosa e delicada.
Que em algumas circunstâncias não adianta querer mudar repentinamente se ainda não se pode: como num jogo de pega-varetas, alguns movimentos bruscos, precipitados, descuidados, são capazes de fazer as outras peças todas desmoronarem.
No jogo, tranquilo, apenas perdemos a rodada; na vida, a história pode complicar.
Mudança nem sempre é pra quando se quer, mudança tem vez que é também e somente pra quando já se consegue.
Claro que é possível conseguir quando realmente se deseja, ninguém está condenado a paralisar em lugares indesejados para não desmentir a profecia alheia, mas é preciso ter paciência, estoques dela.
Eu já mudei muito. Eu já mudei enquanto nem mesmo percebia pela ação silenciosa de acontecimentos.
Eu já mudei coisas que eu nem acreditava ser capaz. Eu mudo todo dia como toda gente.
E também aquilo que, embora eu queira tanto, eu tente tanto, ainda não consigo mudar me faz mais empática e generosa; mais confiante de que somos capazes das mudanças que podem nos tornar melhores, primeiro para nós mesmos, se não desistirmos de nós mesmos. Mas, no nosso tempo. Com todo respeito e gentileza possíveis.
Com gratidão àquilo que já conquistamos. Passo a passo daqueles que de verdade já conseguimos dar."