terça-feira, 27 de julho de 2010

Dona Célia e os Cuñapes

Dona Célia era uma senhora baixinha que usava um cabelo no estilo chanel que já apresentava muitos fios brancos. Lembrava uma boliviana, talvez fosse. O que sei é que ela sempre visitava minha avó e trazia consigo uns pães de queijo enormes e achatados que só de lembrar, dá água na boca. Pesquisando no Google, descobri que se chamam Cuñapes e são bolivianos mesmo!

Havia dias em que a esperava rente ao muro da casa onde vivia minha avó, já mal acostumado com o quitute. Quando Dona Célia apontava na ladeira eu corria para me esconder, enquanto minha avó fazia algum serviço da casa. Até hoje não sei por que fazia isso, mas enfim ...

Ao chegar ao portão, logo gritava: - “Dona Tuuuuuuuta?” Tuta era o apelido de minha avó que se chamava Débora. Minha avó ao ouvir o chamado, respondia: - “Já vai Dona Célia!” e na sequência pedia para que eu abrisse o portão para ela.

Quando me via, perguntava: “Tudo bom, menino? Adivinha o que eu trouxe para você?” – “Pão de Queijo, oba!” – Todo feliz eu falava. Ela sorria, passava a mão em minha cabeça, entrava, cumprimentava minha avó, pois eram grandes amigas, depois ambas começavam a conversar. Falavam das vizinhas, da vida, dos filhos, enfim ... de tudo!

Gostava demais dela, era animada. Até que um dia ela não apareceu e na outra semana também não, até que numa visita de minha mãe escutei minha avó comentar que Dona Célia havia falecido e minha avó pedia para que minha mãe falasse para mim, pois ela não havia tido coragem para isso. Saí de onde estava com lágrimas nos olhos e elas entenderam, fui abraçado por ambas e a partir daí entendi o significado da palavra morte. Devia ter uns cinco ou seis anos na época, mas lembro como se fosse hoje.

Com o passar dos anos, passei em frente a casa onde ela morava e tentei imaginar como ela podia morar naquela casa enorme sozinha, sendo que tinha filhos. No final soube que era uma pessoa solitária, ou seja, os filhos haviam se casado e pouco viam a mãe, de vez em nunca traziam os netos para vê-la. Provavelmente morreu sozinha em algum cantinho daquela casa. Achei muito injusto, além de triste.

Aprendi com este fato a estar sempre que possível junto das pessoas que amo, tanto que quando minha avó faleceu, eu estava lá. Pena não termos o poder de mudar as coisas, de prolongar a vida, ou amenizar e acabar com os sofrimentos e a morte. Mas ainda bem que temos um Deus interessado em nosso bem estar e alegria, que promete que coisas assim terão um fim.

Apocalipse / Revelação 21:1-4 – João 5:28,29 – João 11:25 – Isaías 55:11

domingo, 18 de julho de 2010

Flor & Amizade

Quando nasce uma flor, ela recebe do sol a energia de que precisa, da água o oxigênio fundamental para sua sobrevivência e, claro, não poderíamos deixar de mencionar a terra de onde ela tira nutrientes que irão complementar tudo de que ela precisa para viver.

Essa flor, com o passar do tempo, poderá permanecer bela, com vigor, exalando o perfume característico de sua espécie, se tudo o que ela precisar continuar ao seu redor, ao seu alcance.

Quando vem a tempestade, ela irá lutar com as suas forças para continuar a sobreviver, pode até perder alguma pétala, mas ela é forte para seguir adiante até se recuperar, pois apesar de frágil, a vida, o instinto de sobrevivência fala mais alto e após essa experiência ela torna-se até mais mais forte do que antes.

Na nossa vida dá-se o mesmo, nascemos, crescemos e passamos por diversas situações que às vezes não sabemos o porquê nem a razão do que nos acontece, mas sabemos que depois elas nos tornarão mais fortes para outros momentos adversos que voltarem a surgir em nosso caminho.

A amizade é um bem precioso que surge na vida das pessoas quando menos se espera, tornando a nossa vida mais feliz.

Compartilhamos muitos momentos com os amigos, com alguns mais do que com outros, por afinidade, por confiança ou por força de circunstâncias.

Da mesma forma que a flor, a amizade precisa de cuidados para continuar com a mesma força e intensidade, mas a distância, as adversidades, o corre-corre do dia-a-dia, o tempo, faz com que a amizade sofra certa perda, o que não significa que ela enfraqueça, apenas se modifique.

Mas, com certeza, se ela for verdadeira e sincera, ela terá da mesma maneira que a flor, forças para se manter, e muitas vezes será até mais sólida porque nasce a saudade, um ingrediente a mais que vem para completar.

Sandra Quevedo Demarchi Nogueira