quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Olá ...

Que a cada manhã a sua coragem acorde bem juntinho de você, sorria pra você, e o convide para viverem uma história toda nova, apesar do cenário aparentemente costumeiro. Que tenha saúde no corpo, saúde na alma, saúde à beça.

Ana Jácomo

domingo, 23 de dezembro de 2012

Viver sem tempos mortos

Fala pessoal, belezinha?

Hoje vou postar um trecho da peça "Viver sem tempos mortos", obra inspirada na correspondência de Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, com Fernanda Montenegro, achei o texto incrível ... aprecie sem moderação:

VIVER SEM TEMPOS MORTOS

A impressão que eu tenho é de não ter envelhecido, embora eu esteja instalada na velhice.

O tempo é irrealizável. Provisoriamente, o tempo parou pra mim ... provisoriamente!

Mas eu não ignoro as ameaças que o futuro encerra, como também não ignoro que é o meu passado que define a minha abertura para o futuro. 

O meu passado é a referência que me projeta e que eu devo ultrapassar. Portanto, ao meu passado eu devo o meu saber e a minha ignorância, as minhas necessidades, as minhas relações, a minha cultura e o meu corpo.

Que espaço o meu passado deixa pra minha liberdade hoje? Não sou escrava dele. O que eu sempre quis foi comunicar da maneira mais direta o sabor da minha vida, unicamente o sabor da minha vida.

Acho que eu consegui fazê-lo; vivi num mundo de homens guardando em mim o melhor da minha feminilidade. Não desejei nem desejo nada mais do que viver sem tempos mortos.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

E o mundo não se acabou ...

Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar
Por causa disso
Minha gente lá de casa
Começou a rezar...

E até disseram que o sol
Ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite
Lá no morro
Não se fez batucada...

Acreditei nessa conversa mole
Pensei que o mundo ia se acabar
E fui tratando de me despedir
E sem demora fui tratando
De aproveitar...

Beijei a bôca
De quem não devia
Peguei na mão
De quem não conhecia
Dancei um samba
Em traje de maiô
E o tal do mundo
Não se acabou...

Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar
Por causa disso
Minha gente lá de casa
Começou a rezar...

E até disseram que o sol
Ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite
Lá no morro
Não se fez batucada...

Chamei um gajo
Com quem não me dava
E perdoei a sua ingratidão
E festejando o acontecimento
Gastei com ele
Mais de quinhentão...

Agora eu soube
Que o gajo anda
Dizendo coisa
Que não se passou
E, vai ter barulho
E vai ter confusão
Porque o mundo não se acabou...

Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar
Por causa disso
Minha gente lá de casa
Começou a rezar...

E até disseram que o sol
Ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite
Lá no morro
Não se fez batucada...

Acreditei nessa conversa mole
Pensei que o mundo ia se acabar
E fui tratando de me despedir
E sem demora fui tratando
De aproveitar...

Beijei a bôca
De quem não devia
Peguei na mão
De quem não conhecia
Dancei um samba
Em traje de maiô
E o tal do mundo
Não se acabou...

Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar...

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Estranhos, amigos ... "amigos-estranhos"!

Fala pessoal, belezinha?

Sem dúvida, amigos são pessoas que vamos perdendo ao longo da vida. Encontramos vários, nos apegamos a alguns e, a certa altura, somos forçados a colocar o prefixo "ex" antes do nome daquele que enchia nosso coração de carinho, admiração e certeza. 

São várias as causas envolvidas na perda de uma amizade, mas perder um amigo para a vida, e não por uma fatalidade, é uma dor dilacerante. 

Eu sou do tipo que acredita que amizade é para sempre, por isso algumas vezes pago o preço por constatar que o amigo na relação era somente eu. Gosto de pensar em ter amigos de anos, e na velhice relembrarmos estórias, momentos ou situações vividas e junto deles festejar anos de cumplicidade, parceria e de verdadeira amizade, afinal, os amigos são a família que a vida nos permitiu escolher.

Mas na prática as coisas não funcionam bem assim, a vida não é feita somente de alegrias, encantos ou satisfações, temos de conviver com seus antônimos também, ou seja: desgostos, desapontamentos e decepções. Sim, a vida tem muitas decepções neste campo.

A primeira vez em que eu tive que tornar um amigo em ex-amigo, senti uma dor que acabou demais comigo, até porque fiquei incrédulo em primeiro momento, por não entender as razões. Chorei por um tempo, me fechei por outro e senti dificuldade em acreditar novamente na beleza, simplicidade e nas diversas nuances de uma amizade.

Mas, nada melhor que o tempo ... sei que quem saiu perdendo não fui eu, pelo contrário. 

Com o tempo, optei por deixar a amargura de lado e seguir em frente, ainda com esperança de que aquela dor eu não sentiria mais. Novas amizades surgiram como também outras se foram, mas como gato escaldado só me importei de verdade com as que permaneceram e não senti aquela dor de novo, não daquele jeito. Mas vez por outra, outras dores apareceram pra mostrar que a vida é assim mesmo, por mais que a gente se pergunte se já não teve a nossa cota.

Semana passada, nos reunimos para um lanche na casa de uma grande amiga que esteve comigo em momentos muito delicados que vivi em 2011, ela foi uma das poucas pessoas que persistiram em ficar por perto num momento que eu desejava me isolar do mundo. Amigos são assim ... não somente para os momentos de festa, mas principalmente nos momentos tempestuosos que todos vivemos um momento ou outro na vida.

Acontece que na mesma ocasião, foi convidado um "ex amigo", situação pra lá de chata. Lendo o blog do Filipe, me identifiquei com as situações ali descritas, estávamos na mesma sala com poucas pessoas, nos falamos o mínimo numa conversa cruzada com a anfitriã. Foi surreal ... um do lado do outro sem dizer nenhuma palavra, fora o constrangimento recíproco. Estávamos frente a frente e parecia que existia uma distância quilométrica sem precedentes. Sem nenhuma afinidade, sem nenhuma graça ... mas finalmente a noite acabou e cada um foi para o seu canto.

Sempre penso que a maioria dos meus amigos faria por mim, o que eu faria por eles ... o mínimo é estar ao lado quando mais precisam e não esquecidos a própria sorte.

Mas, o melhor de tudo é que dor ensina. 

E depois que a gente sente uma que parte o coração em mil pedacinhos, aprende a relativizar as outras. E, melhor ainda, renova o olhar diante dos amigos de sempre, aqueles por quem a gente sente todo o amor do mundo e em quem temos a sorte de encontrar reciprocidade.

Em suma, chego a conclusão que em matéria de amizade, a vida é muito estranha ... um dia você vai estar rodeado de estranhos, esses estranhos com o tempo e empenho mútuo irão se tornar seus amigos, talvez até mais que simples amigos, e depois de algum tempo, alguns voltam a se tornar estranhos, de uma forma que você nem imagina.

sábado, 24 de novembro de 2012

Perdas e recomeços

Já é sabido que as coisas duram o tempo que têm que durar e por mais que muitas vezes o término delas nos pareça injusto, desnecessário ou até mesmo fatal, é preciso que aceitemos os rompimentos que a vida nos impõe.

Isso, no entanto, não impede que dentro de nós precisemos de um tempo para digerir as perdas.

Mágoa, tristeza, vazio, angústia, revolta, insegurança, cada um desses sentimentos requer um tempo para que possa se acalmar dentro de nós. Ninguém sai ileso do encerramento de etapas desgastantes da vida e o coração suplica por um espaço para regenerar-se, reconstruir-se.

O gosto amargo que fica na boca, a sensação de fracasso, a tristeza muitas vezes embutida dentro do peito são aflitivas, porém, naturais e fazem parte desse processo doloroso.

É imprescindível que um período de luto seja vivido para que depois voltemos a renascer para a vida. Não me refiro a duras depressões, embora muitas vezes elas sejam inevitáveis, o que desejo pontuar é que todo ser humano quando enfrenta suas perdas tem direito ao silêncio, ao recolhimento e ao respeito por parte de terceiros.

Tantas vezes os "terceiros" na ânsia de ajudar se tornam inconvenientes, insistentes, excessivamente presentes. Falta-lhes a sensibilidade, a compreensão, a delicadeza nas palavras, o apoio na medida certa.

Ninguém se recupera de um tombo correndo em maratonas, isso seria forçar demais a natureza. Um tombo sempre gera feridas e que sejam superficiais ou profundas, não importa, elas precisam ser tratadas até cicatrizarem.

Caso você esteja com feridas ou até mesmo fraturas expostas, cuide delas com carinho, sem pressa, sem ansiedades e tenha a certeza que você vai se recuperar, o tempo é o grande remédio para isso.

Caso você esteja próximo de uma pessoa que está vivendo essa situação ofereça- lhe medicamentos capazes de ajudá-la a se curar. Respeito, confiança, companhia dentro de limites, força e tente guiá-la até o caminho da fé pois nesses momentos as pessoas tendem a se distanciar dela.

E tenha uma certeza, um sorriso sincero valerá bem mais que uma gargalhada espalhafatosa, uma única palavra pode ser mais valiosa do que horas de uma conversa fútil e um afago terá um valor imensurável.

As perdas que vamos tendo no decorrer da nossa efêmera existência na verdade não são perdas, elas existem apenas para que tudo que já se encontra com o prazo de validade vencido dentro da nossa vida seja removido a fim de dar espaço a novos recomeços.

Silvana Duboc

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Você ...

"Você é aquilo que ninguém vê. 
Uma coleção de histórias, memórias, 
dores, delícias, pecados, bondades, 
tragédias , sucessos, sentimentos 
e pensamentos. 

Se definir é se limitar, você é um 
eterno parêntese em aberto ... 
Enquanto sua eternidade durar." 

Machado de Assis

sábado, 17 de novembro de 2012

O lado escuro da lua

Fala pessoal belezinha?

Tenho estado atarefado estes dias, mas não consigo deixar de postar alguma coisa para vocês. Hoje vendo um programa de TV, me deparei com essa canção que possui uma letra sensacional e por consequência me identifiquei demais.

Assim sendo, segue mais um pedacinho de um fragmento meu para você ... decifra-me:

O lado escuro da lua
Capital Inicial


Sempre tem alguma coisa errada,
Às vezes o que sobra é o que nos falta.

Algo que não vemos, não sentimos.
Tudo que não temos, mas nós fingimos.

Eu quase fiz o que eu queria,
Eu quase tive algo que eu podia.

De novo esse quase, esse sempre, esse nada.
Comigo nessa longa e tortuosa estrada.

Correndo como um louco,
Falta sempre muito pouco ...
Pra se perder a razão.

De olhos fechados

No meio da sua rua
Sonhando acordado
No lado escuro da lua.

Copo meio cheio, copo meio vazio.
O corpo só esquenta quando o ar é frio.

Não quero me lembrar que não faz sentido.
Nem me arrepender de não ter vivido.

A vida é longa, a vida é curta.
Quando todos falam e ninguém me escuta.

Cegos que não sabem para onde vão,
Aqui está mais um nessa multidão.

Correndo como um louco,
Falta sempre muito pouco ...
Pra se perder a razão.

De olhos fechados
No meio da sua rua
Sonhando acordado
No lado escuro da lua

Eu tinha sede, me deram gasolina.
Não peço nada, me dão menos ainda.

Acho que não entendi direito,
A perfeição do imperfeito.

Eu me queixo
Eu me arrependo
Eu me revolto
Eu me rendo

Querendo o que não podia ter sido.
Ser feito de aço e não de vidro.

Correndo como um louco.
Falta sempre muito pouco ...
Pra se perder a razão.

De olhos fechados
No meio da sua rua
Sonhando acordado
No lado escuro da lua

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Milagre

Milagre é quando tudo conspira contra, mas Deus vem de mansinho e com um sopro leve muda o rumo dos ventos. 

Milagre é quando o incerto nos abraça depois de nos atingir cruelmente com sua fúria.

É quando respirar vira quase um suspiro de alívio e a vida devolve o sorriso como forma de retribuição por todo sofrimento. 

É o instante teimoso que resiste bravamente a um duro percurso e mantém-se em pé amparado pela força divina. 

É a decisão que escapa de nossas mãos, mas que antes de cair agarra-se com toda força a uma segunda chance. 

Milagre é o improvável gesto de carinho que impulsiona o ser humano a não deixar de acreditar.

Fernanda Gaona

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Ainda bem ...

Ainda bem, que você vive comigo. Porque senão, como seria esta vida?

Sei lá, sei lá ...

Nos dias frios, em que nós estamos juntos. Nos abraçamos, sob o nosso conforto, de amar, de amar.

Se a dois, tudo fica mais fácil, seu rosto silencia e faz parar. As flores que me manda são fato, do nosso cuidado e entrega.

Meus beijos sem os seus não dariam, os dias chegariam sem paixão. Meu corpo sem o seu, uma parte. Seria o acaso e não sorte.

Neste mundo, de tantos anos entre tantos outros:

- Que sorte a nossa, hein?

Entre tantas paixões ... esse encontro, nós dois - esse amor!

Vanessa da Mata

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Aprendendo nas quedas

Por que será que nos lamentamos tanto quando nos decepcionamos, perdemos e erramos? 

O mundo não acaba quando nos enganamos; ele muda, talvez, de direção. Mas precisamos tirar partido dos nossos erros. Por que tudo teria que ser correto, coerente, sem falhas? As quedas fazem parte da vida e do nosso aprendizado dela. 

Que dói, dói. Ah! Isso não posso negar! 

Dói no orgulho, principalmente. E quanto mais gente envolvida, mais nosso orgulho dói. Portanto, o humilhante não é cair, mas permanecer no chão enquanto a vida continua seu curso.

O problema é que julgamos o mundo segundo nossa própria maneira de olhar e nos esquecemos que existem milhões e milhões de olhares diferentes do nosso.

Mas não está obrigatoriamente errado quem pensa diferente da gente só porque pensa diferente. E nem obrigatoriamente certo. Todo mundo é livre de ver e tirar suas próprias conclusões sobre a vida e sobre o mundo. Às vezes acertamos, outras erramos. E somos normais assim.

Então, numa discussão, numa briga, pare um segundo e pense: "E se eu estiver errado?" 

É uma possibilidade na qual raramente queremos pensar. Nosso "eu" nos cega muitas vezes. Nosso ciúme, nosso orgulho e até, por que não, nosso amor. Não vemos o lado do outro e nem queremos ver. E somos assim, muitas vezes injustos tanto com o outro quanto com a gente mesmo, já que nos recusamos a oportunidade de aprender alguma coisa com alguém.

E é por que tanta gente se mantém nessa posição que existem desavenças, guerras, separações. Ninguém cede e as pessoas acabam ficando sozinhas.

E de que adianta ter sempre razão, saber de tudo, se no fim o que nos resta é a solidão? Vida é partilha. E não há partilha sem humildade, sem generosidade, sem amor no coração. 

Na escola, só aprendemos porque somos conscientes de que estamos lá porque não sabemos ainda; na vida é exatamente a mesma coisa. Se nos fecharmos - se fecharmos nossa alma e nosso coração - nada vai entrar. E será que conseguiremos nos bastar a nós mesmos?

Eu duvido!

Não andamos em cordas bambas o tempo todo, mas às vezes é o único meio de atravessar. Somos bem mais resistentes do que julgamos; a própria vida nos ensina a sobreviver, viver sobre tudo e sobretudo.

Nunca duvide do seu poder de sobrevivência! Se você duvida, cai. Aprenda com o apóstolo Pedro que, enquanto acreditou, andou sobre o mar, mas começou a afundar quando sentiu medo. 

Então, afundar ou andar sobre as águas? Depende de nós, depende de cada um em particular. Podemos nos unir em força na oração para ajudar alguém, mas só esse alguém pode decidir a ter fé, força e coragem para continuar essa maravilhosa jornada da vida.

Letícia Thompson

domingo, 4 de novembro de 2012

Abençoadas ...

Abençoadas sejam as surpresas risonhas do caminho.

As belezas que se mostram sem fazer suspense.
 
As afeições compartilhadas sem esforço.

As vezes em que a vida nos tira pra dançar sem nos dar tempo de recusar o convite.

As maravilhas todas da natureza, sempre surpreendentes, à espera da nossa entrega apreciativa.
 
A compreensão que floresce, clara e mansa, quando os olhos que veem são da bondade.
 
Abençoados sejam os presentes fáceis de serem abertos. Os encantos que desnudam o erotismo da alma.
 
Os momentos felizes que passam longe das catracas da expectativa.

Os improvisos bons que desmancham o penteado arrumadinho dos roteiros da gente. 

Os diálogos que acontecem no idioma pátrio do coração.

Abençoada seja a leveza, meu Deus.

Abençoadas sejam as dádivas generosas que vêm nos lembrar que viver pode ser mais fácil.

Que amar e ser amado pode ser mais fluido.

Que dá pra sair da frequência da escassez e sintonizar a estação da disponibilidade, onde alegrias já cantam, mas a gente não ouve.

Abençoadas sejam as dádivas que vêm nos lembrar, com alívio, que há lugares de descanso para os nossos cansaços.

Que há lugares de afrouxamento para os nossos apertos. Que dá pra mudar o foco.

Que não é tão complicado assim saborear a graça possível que mora em cada instante.

Abençoadas sejam as dádivas generosas que nos surpreendem.

Elas não sabem o quanto às vezes, tantas vezes, nos salvam de nós mesmos.

Ana Jácomo

sábado, 3 de novembro de 2012

E se eu morresse hoje?

Fala pessoal, belezinha?

Não se assustem com o título da postagem, no entanto, não deixa de ser uma válida reflexão.

Hoje fazem 17 anos que ela se foi. Puxa ... tanto tempo que não recebo um carinho dela, que não "roubo" um pouquinho do seu colo, que não mexo em seus cabelos, não olho em seus olhos e não ouço sua voz. Fazem 17 anos que você partiu e ainda sinto um nó gigantesco no peito que certamente não desatará, passe o tempo que for. Sinto muito sua falta, Dona Tuta. (chorando muito agora)

E esse imenso vazio que trago no peito me fez refletir no quão importantes podemos ser para alguém! Se eu morresse hoje, quem de fato choraria minha ausência, digamos daqui a 17 anos no futuro, assim como faço agora ao lembrar de minha avó?

Pela lógica, primariamente muitos chorariam ou até mesmo colocariam textos bíblicos ou frases do Caio Fernando na legenda de algumas fotos minhas, sei lá.

Mas e aí? O que ficaria realmente meu?

Será aquele cheiro do perfume que uso? Que quando alguém que me conheceu vai reconhecê-lo em outra pessoa e esse alguém vai parar quando sentir ... e o seu peito vai doer de tanta saudade, mas tanta saudade, que lembrará de momentos que só viveu ao meu lado?

Será que esse alguém, neste momento irá lembrar do meu abraço sincero, de reler as mensagens que um dia enviei, da minha paixão por filmes antigos, da minha gargalhada, aquela que eu coloco a mão na boca para parecer discreto mas acaba fazendo mais barulho. Será que se lembrará da minha paixão por cozinhar, da minha música preferida, das minhas chatices, do significado da minha amizade e até mesmo do meu amor?

Talvez por um bom tempo, as pessoas mais próximas se lembrariam que eu gostava de escrever neste blog, que eu amava cappuccino, que ouvia muito Coldplay, que conversava sobre tudo, que eu conseguia fazer as pessoas rirem tanto, apenas com uma frase ou palavra.

Será que tudo isso aconteceria, por que alguém sentiu o cheiro do meu perfume em alguma pessoa que passou por ela apressadamente na rua?

Apenas um cheiro pode desencadear tanta coisa, tantas lembranças. O cheiro que fez sua vida perceber que é incompleta, e vai ser pro resto da vida, pois jamais irá existir alguém igual.

Lembro que fiquei um longo tempo com uma velha blusa da minha avó, quando a dor da falta parecia insuportável, eu a cheirava porque ela transmitia uma paz imensa.

Saudade intensa hoje de você: Dona Tuta!

Tanta que me lembrei daquela canção do Legião urbana na música "Love in the afternoon", essa música fala de despedidas e tem uma parte dela que se encaixa bem neste momento do texto: 

"Eu continuo aqui, com meu trabalho e meus amigos ... e me lembro de você em dias assim ... dia de chuva, dia de sol ... e o que sinto não sei dizer."

Minha avó deixou diversas lembranças em mim e seguramente foi a pessoa que mais me amou neste mundo. Se chamava Débora, mas a apelidaram ainda muito cedo de Tuta. Ela foi uma mulher incrivelmente feliz, era elegante, amável, solidária e muito inteligente apesar de somente saber escrever o seu nome, mas o mais importante ... tive a oportunidade única de viver com ela nos meus 10 primeiros anos de vida e se hoje sou o que sou, devo muito a ela.

Será que daqui alguns anos, meus netos dirão: “Eu tive o melhor avô do mundo!”? Será que alguém se lembrará de mim com um similar aperto no peito, mesmo depois de alguns anos depois que eu partir? 

Se eu morresse hoje, gostaria de deixar algo em meu modo de vida ou em alguma coisa que disse ou fiz, que motivasse alguém tão especialmente neste sentido.

Por isso me esforço pra dar o melhor de mim em vida para que, em morte, todos se lembrem que eu sorri, que eu amei, que eu vivi.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Tomara!

Tomara que a neblina das circunstâncias mais doídas não seja capaz de encobrir por muito tempo o nosso sol. Que toda vez que o nosso coração se resfriar à beça, e a respiração se fizer áspera demais, a gente possa descobrir maneiras para cuidar dele com o carinho todo que ele merece. Que lá no fundo mais fundo do mais fundo abismo nos reste sempre uma brecha qualquer para ver também um bocadinho de céu.

Tomara que os nossos enganos mais devastadores não nos roubem o entusiasmo para semear de novo. Que a lembrança dos pés feridos quando valentes descalçamos os sentimentos, não nos tire a coragem da confiança. Que sempre que doer muito, os cansaços da gente encontrem um lugar de paz para descansar na varanda mais calma da nossa mente. Que o medo exista, porque ele existe, mas que não tenha tamanho para ceifar o nosso amor.

Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito. Que mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de busca, a ideia da alegria.

Tomara que apesar dos apesares todos e dos pesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão da nossa felicidade.

Tomara ...

Ana Jácomo

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Lembranças ...

Estava vendo algumas fotos antigas, quando me deparei com alguns momentos muito marcantes em minha vida. Algumas fotos, eu nem lembrava que havia tirado, mas ver aquilo me fez reviver aqueles momentos tão maravilhosos, sentir toda a sensação daquele momento antigo.

Sempre bate uma sensação de tristeza por tudo aquilo ter passado, e uma alegria por tudo ter acontecido, sensações muito diferentes, batendo uma certa nostalgia.

Fechando os olhos, posso rever aquelas cenas, escutar aquelas gargalhadas, ouvir as vozes daquelas pessoas. Vejo isso de forma nítida, viva, como se ainda estivesse acontecendo. Em algum lugar do passado, é como se todos ainda estivessem vivendo aqueles momentos, com a mesma intensidade, com a mesma verdade.

Entretanto, percebo como tanta coisa mudou. Nem mesmo eu, sou mais aquele menino das fotos, nada será como antes, nada mais está igual.

Quando lembramos do passado, sempre nos perguntamos: "Por que algumas pessoas mudaram tanto?"

A resposta é simples, não foram só eles que mudaram, você também mudou. 

Pense bem, olhe para aquelas fotos antigas, você ainda é o mesmo que era, quando as tirou, há anos atrás? Me lembro uma vez, quando uma pessoa me disse que mudamos muito, digamos, a cada cinco anos. A essência, permanece a mesma; entretanto, estamos sempre vivendo novas situações, frequentando novos ambientes, conhecendo novas pessoas, e tudo isso vai nos acrescentando experiências novas.

Apesar de nossas mudanças, muitos de nós conseguem manter o mesmo padrão de pensamento de antigamente. Outras pessoas, ficam bem diferentes, e as vezes temos a sensação de que, ou não conhecíamos bem, ou elas mudaram demais. Nem todas as mudanças são boas, diga-se de passagem. Sempre que se fala em um reencontro, acontecendo no presente, fico muito feliz, mas também preocupado e um pouco receoso. 

Feliz, porque quando reencontramos amigos do passado, parece que nunca, sequer ficamos distantes; é tanta cumplicidade, amizade, intimidade, que anos e anos, parecem poucos minutos longe. A parte preocupante, é quando descobrimos que muitos mudaram bastante; é estranho dizer, mas alguns amigos do peito de antigamente, algumas vezes se tornam completos estranhos e desconhecidos no presente.

Por isso, algumas vezes procuro deixar tudo de bom que um dia vivi, em algum lugar do passado. Lá está tudo certo, em paz, em completa harmonia. 

Muitas vezes, prefiro as lembranças das coisas como eram, do que me decepcionar vendo como essas coisas estão hoje. O que importa é que tudo isso aconteceu, e o que foi vivido, nunca irá mudar, vai viver pra sempre, exatamente da mesma forma maravilhosa como era ... em algum lugar do passado!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Alice ... é você?

Você se lembra da história “Alice no País das Maravilhas”? Lembra-se de quando ela chegou à encruzilhada e indagou ao gato que se encontrava ali perto que caminho devia seguir? O gato perguntou: “aonde ela queria ir”. Alice respondeu que não sabia. O gato, então, replicou que: "sendo assim, qualquer caminho levaria a seu destino”.

Como Alice, a maioria de nós não sabe aonde quer ir.

Levantamos de manhã porque disseram que temos de trabalhar. Passamos o dia trabalhando, fazendo tudo o que tem de ser feito. No fim do dia, vamos para casa, passamos algum tempo com a família, jantamos e nos acomodamos diante do televisor, deixando-o insultar nossa inteligência e anestesiar nossas mentes curiosas, de modo que, na manhã seguinte, quando o despertador tocar, possamos estar suficientemente entorpecidos para começar outro dia de rotina, em que não atingiremos nenhuma meta. 

Em outras palavras, quase todos nós perambulamos sem rumo, somos organismos passivos, reagindo aos desafios da vida como o proverbial barco sem leme. O barco encontrará um porto? Nem mesmo um porto determinado, mas qualquer um? 

Dificilmente. Se isso acontecer, será por acaso. Chega a ser trágico, mas a maioria de nós gasta mais tempo fazendo planos para uma festa, uma viagem de férias ou um passeio do que planejando a própria vida!

Para onde está indo? 

Você se vê em uma subida difícil, em algum degrau da vida, que parece desaparecer nas nuvens lá em cima. Algum dia você terá filhos. Um dia eles terminarão a escola. Um dia surgirá um emprego melhor. Um dia seus filhos se casarão. Um dia terá mais liberdade para viajar. Um dia você irá se aposentar. E então, naturalmente, um dia você morrerá.

Mas, e a vida? Por que se importar? Se tanta gente vai bem, sem um propósito, sem metas, por que você se importaria em ser diferente? A razão é que você quer o sucesso!

Cada indivíduo vive de acordo com seus propósitos. Podemos não chamá-los “alvos”, mas é isso que são. O modo como vivemos em qualquer momento é determinado pelo alvo em direção ao qual nos movemos. Se nossas metas forem claras e boas, é quase certo que estejamos vivendo bem, mas se nossos alvos forem inferiores ou confusos, as chances são que nossa vida também tenha essas qualidades.

Precisamos, portanto de prioridades. Precisamos saber que estamos trabalhando nos alvos melhores e mais importantes.

Os alvos são a nossa motivação para o futuro; mas alvos sem planejamento são como um navio que tem destino, mas não tem leme. Você pode estar em movimento, mas tem pouco ou nenhum controle sobre a sua direção. Bons alvos merecem bons planos.


Texto adaptado do livro Insight I, de Daniel Carvalho Luz

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Me abraça?

Abraço é aconchego, é doação de amorosidade. Produz deleite na alma, não requer mérito, apenas vontade.

De braços abertos, doamos tempo, tocamos o outro ... consolamos, damos conforto.

Deixamos-nos tocar, somos acariciados, humanizamo-nos nos braços uns dos outros ao sermos abraçados!

Abraço é alento, é carícia de afeto. É efusão de alegria, é uma forma de aceitação exercida em plena cordialidade.
Dificilmente não sorrimos enquanto abraçamos, abraços nos desarmam, nos aproximam do outro, nos trazem felicidade!

Abraços são demonstrações de respeito, de admiração e de estima. São celebrações de encontros ou de reencontros ansiosamente esperados.

Na chegada ou na despedida, recorremos sempre ao abraço!

Abraços são poesias que transbordam da alma da gente, que nos enchem de vida, que animam e reanimam continuamente!

Abraços são emissões coloridas com as cores das idas e vindas saudadas nas relações que mantemos.
Abraços são argumentos daquilo que a fala não pode expressar, são momentos únicos - um jamais será igual ao outro - por isso é tão bom abraçar!

Abraços não têm preço, ninguém os poderia pagar!

Abraços têm valores que entendemos com o coração, mas que jamais poderemos explicar.

Luciana Rodrigues

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Constatações ...

Mudei muito de uns dias pra cá.

Tirei algumas coisas que já estavam mofadas do lugar e dei espaço para coisas, pessoas e sentimentos novos. 

Não deixei de ser quem era. Meu caráter não mudou, meus objetivos também não. Mas meus planos agora incluem pessoas diferentes, sentimentos diferentes. 

Dei espaço dentro de mim, para quem realmente merece, deixei aqui dentro somente o que era preciso. 

Coloquei em primeiro plano quem se importa comigo, deixei pra lá aqueles meio-amigos.

Ficou agora somente o que é completo. Nada de pedaços, partes, “meios”. 

Mudei pra dar espaço a uma pessoa nova. Uma pessoa que derrama lágrimas apenas pelo que vale e ri do que não vale a pena.

Poliane Gonçalves

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Empatia ...

"A capacidade de se colocar no lugar do outro é uma das funções mais importantes da inteligência. 
Demonstra o grau de maturidade do ser humano."
Augusto Cury

Fala pessoal, belezinha?

Hoje resolvi falar um pouco sobre empatia, que nada mais é do que colocar-se no lugar de outra pessoa, algo que está cada vez mais complicado de se ver por aí, até porque todo mundo esquece que tem teto de vidro e cansa o braço de jogar pedra no telhado alheio, por essas e outras que vale uma reflexão.

Então vamos lá ...

Empatia é uma qualidade excelente na minha modesta opinião, pois nos ajuda a perceber que raios não caem somente sob nossa cabeça, ou seja, todos - sem exceção - vivenciamos ou passamos por problemas.

Usar de empatia, nos ajuda a perceber que muitas vezes, o outro tem problemas muito maiores que os nossos e que nós - conscientes ou não - valorizamos demais nossas pequenas agruras em detrimento da dos demais seres no mundo.

Afinal, é fácil olharmos para nosso umbigo e ao mesmo tempo apontar defeitos, criticar ou condenar outros quando estamos confortavelmente por fora da situação; quando enxergamos os problemas alheios com nossos próprios olhos.

Mas com algum esforço é possível enxergar com os olhos do outro a situação e até chegar a sentir o que ele sente. É claro que trata-se de um exercício contínuo. Precisamos usar um pouco de razão, reflexão, equilíbrio e controle. E então, por fim, chegamos a compreender o que aflige, inquieta ou tira a paz do outro.

Chegando a este ponto ... bingo! ... estamos começando a chegar no caminho certo!

Afinal caro leitor, todos desejamos que alguém se importe conosco, desejamos em algum momento da vida um pouco de colo, de carinho, de compreensão, desejamos um ombro pra chorar, um ouvido atento para nos escutar nas horas mais necessárias e talvez até ajuda prática para outras inúmeras situações.

O que me incomoda profundamente é que qualidades como o amor e a empatia, estão cada vez mais em falta no mercado das emoções humanas, mas além destas, acrescento também a chamada compaixão que tem o poder de impulsionar ou mover à ação as pessoas.

Mas para que isso ocorra é preciso buscar estas qualidades e exercê-las, para quem sabe, melhorar ao menos um pouquinho o mundo de alguém.

sábado, 22 de setembro de 2012

Eu sem você ...

Eu tô carente desse teu abraço,
Desse teu amor que me deixa leve.

Eu tô carente desses olhos negros,
Desse teu sorriso branco feito neve.

Eu tô carente desse olhar que mata,
Dessa boca quente revirando tudo.

Tô com saudade dessa cara linda
Me pedindo "fica só mais um segundo"

Tô feito mato desejando a chuva,
Madrugada fria esperando o sol.

Tô tão carente feito um prisioneiro,
Vivo um pesadelo, beijo sem paixão.

Tô com vontade de enfrentar o mundo,
Ser pra sempre o guia do seu coração.

Sou a metade de um amor que vibra,
Numa poesia em forma de canção:

Sem você, sou caçador sem caça.
Sem você, a solidão me abraça.

Sem você, sou menos que a metade,
Sou incapacidade de viver por mim.

Sem você, eu sem você ...
Paula Fernandes

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Amor ...

“Se você ama, diga que ama. A gente pode sentir que é amado, mas sempre gosta de ouvir e ouvir e ouvir. 

É música de qualidade, entende?

Tão melodiosa, que muitas vezes, mesmo sem conseguir externar, sentimos uma vontade imensa de pedir:

- Diz de novo? 

Dizer não dói, não arranca pedaço, requer poucas palavras e pode caber no intervalo entre uma inspiração e outra…”

Ana Jácomo

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Cativar ...

- Que quer dizer "cativar"? ... disse o príncipe.

- É algo sempre esquecido ... disse a raposa.

- Significa "criar laços"...

- Criar laços?

- Exatamente - disse a raposa ...

- Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. 

- Mas se tu me cativas, teremos necessidade um do outro. Serás para mim, único no mundo. E eu serei para ti, única no mundo. Minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. O teu passo me chamará para fora da toca, como se fosse música. 

- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não tem mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.

- É preciso ser paciente. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal - entendidos. Cada dia te sentarás mais perto ... 

- Se tu vens por exemplo, às quatro da tarde, desde às três, eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!

Antoine de Saint-Exupéry