Pensando muito sobre um assunto recorrente cheguei à conclusão que não agüento mais as pessoas repetirem a mesma ladainha quando pergunto as novidades: “Ah, na mesma de sempre! Na correria! Trabalhando muito” ... Pára gente !!!
Se for assim, como explicar os barzinhos lotados de segunda a segunda, os shoppings apinhados de gente durante todo o ano e a fila quilométrica no cinema em dia de pré estréia de algum filme ansiosamente aguardado?
Hoje em dia virou lugar comum todo mundo reclamar que só trabalha, que não tem tempo de viver. Na verdade o que acontece hoje em dia é uma grande inversão de valores. As coisas simples não existem mais e aquelas que mereceriam ser valorizadas, na verdade se tornaram raras. E muitas coisas até algum tempo inalcançáveis, por sua vez, perderam também a graça pela sua facilidade.
Tudo devido à urgência, à pressa, à transição, à rotação acelerada da terra. Esses encontros que vemos nos barzinhos são muito importantes para nossa vida social, para treinarmos nossa capacidade de socialização, para descontrair, para esquecer os problemas contando as piadas mais sem graça, para desabafar e falar mal do colega pentelho do escritório, para deixar a vida acontecer de forma natural.
Os passeios nos shoppings se tornaram tediosos porque estes se tornaram acessíveis demais. Lembro-me que há muitos anos eu só ia ao shopping uma vez ou outra, hoje em dia bastou uma oportunidade e estou lá sentado almoçando ou olhando vitrines. Cinema era considerado uma das maravilhas do mundo, onde vivíamos quase que literalmente as aflições e glórias dos mocinhos, e enquanto estivéssemos ali nos permitíamos sonhar e não pensar em mais nada. Agora virou uma disputa para saber quem assistiu a tal filme primeiro.
Infelizmente tudo ficou muito comercial, tangível, material. Vivemos cercados por Ipad´s, ipod´s, iphone´s ... ai de mim que sou romântico ... Parece que se não possuirmos E-mail, Orkut, MSN, Twitter ou todos eles juntos corremos o risco de ficarmos desconectados do mundo. Pois é! Coitadinho do meu bom e velho aparelho de celular - que nem é tão velho assim - mas já se tornou obsoleto.
Fico impressionado com a quantidade absurda de carros circulando nessa cidade, que acaba ficando pequena demais para tanto; dificilmente há apenas um exemplar para uma família de três ou quatro pessoas, e são sempre modelos novos trocados a cada ano. Sem citar que essas mesmas famílias viajam todas as férias para algum lugar luxuoso e paradisíaco.
O que mais as pessoas querem ?
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