Se você acompanha meu blog faz algum tempo, percebeu como sou extremamente saudosista das boas coisas, dos bons sentimentos vividos em alguma época de minha vida, como também acabo me lembrando de outros momentos não tão bons, mas que de certa maneira foram importantes em minha formação como indivíduo.
Um desses “remakes” surgiu ontem, enquanto caía uma chuva constante na rua. É incrível como o sol faz falta e como é constante nos entretermos com pensamentos mais tristes nestes dias frios e chuvosos.
Enfim, lembrei-me de Dona Tuta novamente, minha querida avó ou bisavó, conforme fui descobrir mais tarde. Quando saí da casa dela aos 10 anos de idade e fui morar com minha mãe e padrasto foi muito dolorido, sonhava, chorava e pensava nela a todo instante, a saudade era imensa, principalmente quando presenciava diversas brigas e espancamentos contra minha mãe.
Mas em contrapartida, morar com minha mãe foi a descoberta de um “novo mundo”, pois meu padrasto morava num quintal que além da casa dele, havia a casa de suas duas irmãs e de uma prima, e todos tinham filhos. Então, de uma hora para outra, eu, que antes era só, me vi rodeado de meus irmãos, além de “primos e primas”, não preciso dizer que, como criança, me encontrei. Desde que acordava pela manhã e até anoitecer, tirando o horário de aula, era pura brincadeira.
Enfim, não era somente eu que sentia saudade ou falta de minha avó. A sensação era recíproca. Não me lembro bem como foi, mas minha avó que não gostava de ir à casa de minha mãe, a visitou muitas vezes depois que me mudei pra lá. Numa dessas visitas ela insistentemente me pediu para voltar a morar com ela, mas eu disse não! Primeiramente devido a bagunça da molecada e depois porque estava descobrindo minha mãe. Disse não com nenhuma intenção de magoá-la, apenas quis ficar e ela partiu muito triste naquele dia levando com ela o meu coração, porque no fundo eu gostaria de ir com ela, mas a vontade era maior em ficar, mesmo na maioria do tempo sendo isso péssimo. Fiz minha escolha!
Agradeço mais uma vez o equilíbrio que ela me ensinou a ter, pois precisei demais nos anos seguintes enquanto crescia juntamente com minha indignação e repudia contra meu padrasto que constantemente tratava minha mãe como um lixo e nos destruía como indivíduos. Lembro-me de certa vez, ele levantar uma pá de pedreiro contra seu próprio pai numa briga entre eles. De madrugada, após os “shows” que ele gostava de protagonizar contra minha mãe, entre uma lágrima e outra, me questionava de como podia existir um amor tão intenso e estúpido como o dela, que desejava estar com ele à qualquer preço, não nos levando em consideração. Mas eu sobrevivi com tudo isso, pois sempre que podia estava com minha avó, ela era meu porto seguro.
Lembrei-me olhando pela janela enquanto a chuva caía, do dia em que meu tio faleceu. (Que mais tarde descobri ser meu avô, filho de minha avó que era na verdade minha bisavó e que era pai de minha mãe, loucura não é?) Nesse dia, outra filha de minha avó, a trouxe na casa de minha mãe, pois minha avó queria muito me ver. Subi as escadas, pois minha mãe morava no fundo deste quintal e ao chegar à rua, ela estava dentro de uma perua Kombi branca, o rosto cansado, sofrido. Parecia uma criança assustada, precisava de um abraço, o meu abraço. (Só de lembrar eu me emociono, parece que aconteceu faz poucos dias.) A abracei e ouvi-a dizer: “André, o Elpídio morreu!”, logo depois um convite: “Fica comigo esses dias.” – Mas uma vez eu não quis ir e ela foi embora chorando. Arrependo-me até hoje disso, mas na época não encarava bem a morte, aliás, nem hoje. A diferença é que hoje tenho outra maneira de encará-la visando no futuro uma ressurreição. (Atos 5:28,29)
Com certeza ela não sabe o quanto foi importante em minha vida até hoje e agradeço a Jeová a oportunidade desse encontro. Por amor à minha mãe, ela abdicou de sua tranqüilidade na velhice e a criou, como toda mãe com seus erros e acertos. Por amor à mim, ela me criou do mesmo modo e posso até me arriscar a dizer que mais intensamente ...
Um desses “remakes” surgiu ontem, enquanto caía uma chuva constante na rua. É incrível como o sol faz falta e como é constante nos entretermos com pensamentos mais tristes nestes dias frios e chuvosos.
Enfim, lembrei-me de Dona Tuta novamente, minha querida avó ou bisavó, conforme fui descobrir mais tarde. Quando saí da casa dela aos 10 anos de idade e fui morar com minha mãe e padrasto foi muito dolorido, sonhava, chorava e pensava nela a todo instante, a saudade era imensa, principalmente quando presenciava diversas brigas e espancamentos contra minha mãe.
Mas em contrapartida, morar com minha mãe foi a descoberta de um “novo mundo”, pois meu padrasto morava num quintal que além da casa dele, havia a casa de suas duas irmãs e de uma prima, e todos tinham filhos. Então, de uma hora para outra, eu, que antes era só, me vi rodeado de meus irmãos, além de “primos e primas”, não preciso dizer que, como criança, me encontrei. Desde que acordava pela manhã e até anoitecer, tirando o horário de aula, era pura brincadeira.
Enfim, não era somente eu que sentia saudade ou falta de minha avó. A sensação era recíproca. Não me lembro bem como foi, mas minha avó que não gostava de ir à casa de minha mãe, a visitou muitas vezes depois que me mudei pra lá. Numa dessas visitas ela insistentemente me pediu para voltar a morar com ela, mas eu disse não! Primeiramente devido a bagunça da molecada e depois porque estava descobrindo minha mãe. Disse não com nenhuma intenção de magoá-la, apenas quis ficar e ela partiu muito triste naquele dia levando com ela o meu coração, porque no fundo eu gostaria de ir com ela, mas a vontade era maior em ficar, mesmo na maioria do tempo sendo isso péssimo. Fiz minha escolha!
Agradeço mais uma vez o equilíbrio que ela me ensinou a ter, pois precisei demais nos anos seguintes enquanto crescia juntamente com minha indignação e repudia contra meu padrasto que constantemente tratava minha mãe como um lixo e nos destruía como indivíduos. Lembro-me de certa vez, ele levantar uma pá de pedreiro contra seu próprio pai numa briga entre eles. De madrugada, após os “shows” que ele gostava de protagonizar contra minha mãe, entre uma lágrima e outra, me questionava de como podia existir um amor tão intenso e estúpido como o dela, que desejava estar com ele à qualquer preço, não nos levando em consideração. Mas eu sobrevivi com tudo isso, pois sempre que podia estava com minha avó, ela era meu porto seguro.
Lembrei-me olhando pela janela enquanto a chuva caía, do dia em que meu tio faleceu. (Que mais tarde descobri ser meu avô, filho de minha avó que era na verdade minha bisavó e que era pai de minha mãe, loucura não é?) Nesse dia, outra filha de minha avó, a trouxe na casa de minha mãe, pois minha avó queria muito me ver. Subi as escadas, pois minha mãe morava no fundo deste quintal e ao chegar à rua, ela estava dentro de uma perua Kombi branca, o rosto cansado, sofrido. Parecia uma criança assustada, precisava de um abraço, o meu abraço. (Só de lembrar eu me emociono, parece que aconteceu faz poucos dias.) A abracei e ouvi-a dizer: “André, o Elpídio morreu!”, logo depois um convite: “Fica comigo esses dias.” – Mas uma vez eu não quis ir e ela foi embora chorando. Arrependo-me até hoje disso, mas na época não encarava bem a morte, aliás, nem hoje. A diferença é que hoje tenho outra maneira de encará-la visando no futuro uma ressurreição. (Atos 5:28,29)
Com certeza ela não sabe o quanto foi importante em minha vida até hoje e agradeço a Jeová a oportunidade desse encontro. Por amor à minha mãe, ela abdicou de sua tranqüilidade na velhice e a criou, como toda mãe com seus erros e acertos. Por amor à mim, ela me criou do mesmo modo e posso até me arriscar a dizer que mais intensamente ...
Por isso é tão complicado e difícil esquecê-la.
Um comentário:
Sal e sua arte de escrever bem e falar do coração. Abração amigo.
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